Escola de Cascais

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Cascais, Portugal

A arquitectura da nova escola marca um elemento com uma certa monumentalidade de caráter quase-brutalista na cidade na sua materialidade e composição estética, com 3 volumes homogéneos, de formas puras cuja simplicidade se transmite na materialidade do betão sólido que dá corpo à escola.

O edifício principal, mais longitudinal é assente sobre pilotis, onde o maciço do betão é perfurado com brises em madeira na sua fachada ventilada, que vem suavizar o conjunto com um toque de calor ao emoldurar as aberturas, num ritmo de aparente cacofonia instrumental, dinâmico e cheio de vida que obedece à trama interior, onde a sala de aula define a célula-tipo que se repete sistematicamente. A base, recuada do volume que suporta com os seus pilotis, é mais transparente e permeável, criando uma ligação franca com a envolvente e dando um novo contexto urbano. Na entrada da escola oferece-se uma praça coberta, um tecto para quem entra, sai ou espera. A Arquitectura e o Urbanismo transformam-se na escola e na cidade, fundidas em uníssono.

A Escola de Cascais, mais que uma escola tradicional, sai do seu contexto primitivo, recluso, preso dentro da malha urbana restrita e abre-se completamente para abraçar a cidade, com uma multiplicidade de espaços verdes que a oxigenam e deixando-se também abraçar por toda a comunidade que dela pode desfrutar, numa permeabilidade continua horizontal.

Quando a escola dá o toque de saída, a praça-entrada da escola fecha-se e abrem-se os portões laterais do terreno, onde os pavilhões desportivo e cultural podem funcionar autonomamente quando a escola está encerrada, transformando-se num parque sempre vivo, aberto à população, garantido um uso integral e um aproveitamento continuo de todos os espaços.

O volume principal desenha um corpo horizontal que alberga todos os espaços necessários à aprendizagem formal, dividido em 3 pisos: um piso como embasamento transparente e permeável, que contém os espaços de refeição e de apoio socioeducativo, e dois pisos mais densos materialmente, que pousam sobre os pilotis do embasamento transparente. Estes dois pisos albergam a administração e todas as salas de aula.

Ao elevar-se os pisos onde as aulas acontecem permitiu-se oferecer à cidade duas praças nos dois polos do edifício: uma dentro da cerca da escola, que cria uma zona abrigada para os alunos estarem nas horas de pausa e outra externa, que enfatiza o momento da entrada da escola, oferecendo um abrigo urbano, uma sala de espera na cidade, para os pais esperarem os seus filhos.

O segundo volume tem um desenho rectangular e mais simples, contém a biblioteca, o auditório e a sala de artes performativas dispostos em dois pisos, que se conectam com o primeiro volume através de duas pontes que não só ligam os programas como, também, concretizam um percurso com vista sob o projecto, oferecendo uma permeabilidade continua no plano horizontal para todos aqueles que têm mobilidade reduzida.

O terceiro volume disposto em dois pisos contempla o núcleo desportivo e todos os espaços de apoio ao mesmo, onde o betão surge enquanto acabamento exterior e a madeira surge enquanto revestimento interior.

Procurou-se sempre trabalhar a relação franca entre o construído e o espaço público, interligando o paisagismo com o urbano. Para tal, redefiniu-se a articulação urbana, com o prolongamento da rua a Sul, delimitando o estacionamento de carros e bicicletas criando uma nova frente para a escola, a Norte, entre a paragem de autocarro, a ciclovia e a rede viária, coberta e protegida, uma vez que a escola oferece um espaço público coberto na entrada da escola.

O desafio foi permitir a interligação de todos os ambientes como um conjunto único e coerente e, ao mesmo tempo, de poder manter separados e independente cada um deles.

Devido à implantação da escola, existe a possibilidade de se estabelecer dois usos contínuos do complexo: escola em actividade permanente durante o tempo de aulas e, após este, os complexos desportivos e culturais podem funcionar por completo independentes. Também, devido à revitalização do pinhal, nasce agora um novo parque urbano que unifica estes 3 volumes, permitindo o uso permanente de todo o espaço do complexo escolar. O parque tem completa permeabilidade entre a zona Norte e a zona Sul, dado que existem acessos em ambas as direcções. Conceitualmente achávamos que o pinhal deveria permanecer selvagem e quase intocado, e foi então proposto um elemento que atravessaria o parque como uma serpentina que serviria tanto como um elemento guia para as crianças mais novas, como mobiliário fixo para estimular o uso do parque.

As duas fases estão perfeitamente articuladas no projecto. A primeira fase, a que representa maior peso urbano e arquitectónico, prevê desde logo a maior intervenção, não condiciona o normal funcionamento da actual escola de Cascais, podendo ser, portanto, completamente possível construir a primeira fase do projecto em paralelo. A segunda fase, por sua vez, também pode ser construída sem afectar o funcionamento da primeira fase.

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Renders: Ian Alves