Vaults – Atelier Apparatus Architects
Lisboa, Portugal
O escritório situa-se numa loja com frente de rua, no antigo Palácio Cruz Alagoa datado do séc. XVIII, em Lisboa.
Com o tempo, o palácio sofreu inúmeras alterações, incluindo a reconversão dos halls de entrada das habitações para uso misto de escritórios e lojas com entrada directa pela rua.
Antes do escritório ser convertido, o espaço era ocupado por uma livraria. No primeiro contacto com o espaço, sentiu-se falta das texturas e da riqueza do próprio edifício. O espaço tinha um tecto muito baixo, abaixo da altura das janelas, reduzindo bastante a incidência de luz natural.
Sentimos que algo estava errado de imediato com o tecto. Tínhamos de despir o espaço e deixa-lo cru. Debaixo do tecto descobriu-se vigas originais juntamente com vigas de aço de uma obra mais recentes, onde era possível ler a história do lugar.
Enquanto explorávamos referências e arquétipos existentes no palácio, intrigou-nos os tectos abobadados em tijolo encontrados nas traseiras, num antigo corredor que ligava o pátio até aos antigos estábulos.
Estas abóbadas eram a nossa resposta e era a história que queríamos contar.
Replicamos as abóbadas pelo tecto do atelier, manipulando-as de acordo com parâmetros específicos do espaço, como dimensões das mesmas, localização das vigas, disposição de portas e janelas, de forma a certificarmo-nos que tínhamos a máxima exposição solar possível no espaço.
Cabe ressaltar que o espaço se situa em um nível mais baixo que a cota da rua o que consequentemente faz com que as janelas altas revelem e destaquem o plano superior do espaço ao transeunte.
Depois de encontrar a solução ideal, o resultado foi concretizado através de artesãos e carpinteiros que tornaram todo o projecto semi-digital em realidade através de um processo completamente manual e artesanal.
Fotografia: Ricardo Oliveira Alves